quinta-feira, 9 de março de 2017

Tirta Empul - Templo das águas sagradas

Se eu disser que o Tirta Empul é perto de Keramas estarei mentindo. Não é. Dirigimos mais de uma hora de moto. A bunda quase quadrada. Mas garanto que vale cada segundo! 

Quando você fizer passeios longos de moto pela Indonésia e perceber que sua gasolina está acabando, não se desespere! E não espere encontrar um posto de gasolina tradicional Vá olhando pras calçadas, procure por estantes com garrafas de vidro e plaquinhas escrito PETROL. Pode parar e abastecer ali mesmo. A garrafa custa cerca de 10 rupiahs e dura bem, por incrível que pareça. 




Partiu templo!

Mas voltando ao templo. Já estávamos bem cansados, quando observamos vários caminhões lotados se indonésios com suas roupas de festa, tocando seus  instrumentos animados, todos indo na mesma direção que nós. Na hora pensei: "Huuuummm, dia de cerimônia, será que o templo estará fechado? Depois de andar tanto?"

Chegamos la, estacionamos a moto, pagamos 5 rupiahs, pegamos nossos sarongues e partimos. Acertamos que era dia de cerimônia, mas o templo estava aberto a visitação SIM!

Pagamos para entrar, coisa pouca, mas não lembro mesmo o valor, sorry. Visitamos o local das fontes sagradas e a nascente dessas águas. Havia muita alga e as saídas estavam entupidas com uma espécie de lodo que os hindus estavam limpando. Senti um nojinho, não vou mentir, mas eu ia entrar uma hora ou outra.

Fontes sagradas

Enquanto eles limpavam, fomos ao templo em si. Estava rolando uma cerimônia com rezas e músicas e oferendas. Pudemos sentir a energia. Alguns lugares do templo são sagrados e não se pode entrar. A cerimônia era pra agradecer à fonte de água sagrada e recolher um pouco dela para ser usada em outras cerimônias ao longo dos meses.

Oferendas no templo


Três regras que me marcaram muito ao entrar no templo foram:

- Não pode entrar molhado;
- Não pode entrar menstruada;
- O cabelo deve estar preso num coque.

Espero que vocês respeitem. Olha o karma.

Depois que retornamos à fonte, já havia uma fila enorme de indonésios e turistas se banhando.As algas haviam sumido. Fomos interpelados por um cuidador do local que nos convenceu a fornecer algumas explicações sobre as fontes em troca de um dinheiro. Relutamos mas pagamos, e foi incrível! Valeu demais!

Pessoas se banhando nas fontes

O RITUAL

Antes da explicação, fomos encaminhados a um guardador onde recebemos nossas chaves e deixamos nossas coisas. (custou 5 rupiahs) Eu deveria amarrar o sanrongue (canga) no pescoço e pude ficar com o body que usava. Já o Marcelo deveria tirar tudo, tudinho e amarrar o sarongue na cintura.

Meio sem graça, voltamos às fontes.O nosso guia nos preparou oferendas com incensos e orientou que fôssemos a um cantinho meditar. Ele nos orientou a agradecer ao Universo pelas nossas vidas, agradecer e orar pela saúde e vida dos nossos pais e só então fazer algum pedido ou colocar alguma intensão naquele gesto. Foi bem intenso. Colocamos nossas oferendas no local apropriado e passamos pra segunda fase.

Hindus meditando

Nosso guia nos deu uma breve explicação sobre as fontes. São várias. E são divididas por uma estátua em forma de elefante. Na primeira parte, você deve se banhar nas primeiras 9 fontes e evitar as outras três, que são fontes para os mortos. 

Em cada uma delas, você deveria colocar três goles na boca (pode cuspir), jogando a água no rosto, cantar três om com as mãos unidas em frente à testa e em seguida molhar a cabeça e a nuca na fonte, Demora um pouco, mas vale a pena. Cada fonte tem um significado e purifica uma parte do corpo. Mas sinceramente, não lembro da ordem delas. Paga lá o moço que ele explica melhor.

Saindo desse tanque, atravessamos a estátua e nos deparamos com mais outras fontes. Dessa vez você tem de vir no sentido oposto, da direita para a esquerda. Viu como é complexo?

foto da internet. Fica beeeeem cheio


Nesse tanque existe a fonte que purifica o coração, outra pro cérebro e a última, a principal, a mais sagrada de todas, purifica sua alma. Demoramos um tanto mais nela.

Saímos em transe. Sem exagero. O nosso guia já nos esperava, com cara de quem já tinha visto pessoas naquele estado inúmeras vezes. Ele nos guiou a um cantinho e nos mandou meditar. O cantinho era no sol, numa escada, e não senti nada, nem calor nem frio. Não ouvi sons, apesar de ter um monte de turistas gritando e tirando fotos. Nem tenho ideia de quanto tempo passamos ali. Ao levantar, percebi que havia carpas no tanque. Não tinha visto antes. Foi uma experiência sensacional. 

Fico imaginando o porquê das pessoas não tentarem entender o que o ritual da purificação significa. Vejo fotos de pessoas nas fontes. Como você pode se preocupar com fotos enquanto está concentrado na sua purificação, né, Pugliesi? Que vida vazia essas pessoas devem ter...

Saímos tão extasiados que não conseguimos visitar o outro templo que pretendíamos. Voltamos pra Keramas em silêncio, ouvindo nossa paz interior e com a certeza de que seríamos abençoados muito em breve.

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