domingo, 25 de maio de 2014

Indonésia nível II


                                   "People don't take trips, trips take people."




É nesse clima que inicio com pouco mais de um mês de atraso meu relato de viagem.

Quando disse que iria para a Indonesia novamente, muita gente achou repetitivo, mas lembro que a Indonesia é o maior arquipélago do mundo e eu precisaria de todas as minhas férias pra tentar conhecer tudo.

O destino escolhido para três semanas de puro prazer foram: Java (1 semana), Mentawaiis (1 semana) e a última livre pra estendermos em algum lugar ou ir conhecer Nias.

A saga foi a mesma: dois dias de viagem que incluíram diversos aviões, ônibus e van. Chegamos à noite num pico tão roots que a luz era de gerador.
Ao amanhecer, com a luz daquele sol maravilhoso refletindo no mar esmeralda e todo aquele verde que nos cercava, nos fez esquecer do processo doloroso de chegar até ali.
Pela primeira vez não vou delatar o nome do lugar nem como chegar. É um paraíso quase intocado. O lugar mais lindo e primitivo que meus olhos já viram. Ninguém fala inglês e foi uma excelente oportunidade de praticarmos nosso bahasa indonesia. Turistas são raríssimos e não há muitas opções alimentícias e muito menos acomodações. Geralmente as pessoas se hospedam em outras cidades e vem aqui no fim de semana. Nós não. Nós moramos por uma semana isolados de tudo. A própria vila ficava a 10 minutos de caminhada de onde estávamos. A população é extremamente pobre e vive da subsistência. Basicamente macaxeira, ovos e ouriço. Pesca artesanal.

Vista de um lado da baía


Praia em frente à nossa casa


Agricultores voltando da labuta
Uma das coisas que mais encanta quando vamos pra Indo é o sorriso sempre estampado na cara das pessoas. Às vezes você nem sabe se eles estão rindo PRA você ou DE você. Eu amo isso.


Minhas amigas: Dinar e Adila


Cardápio do Warung (Restaurante)



Vista da baía. Local catando conchas (eles usam como brita)
 
O SURF
Mas vamos ao que interessa, sem muito blábláblá. Só me desculpo pela falta de fotos, mas assiste o filme nos links à direita e você irá entender...
Trata-se de uma baia perto da vila com as duas principais ondas. Uma direita e uma esquerda em cada canto, bem tubulares. A direita funciona melhor na meia maré ou na maré alta, se tiver swell. A esquerda funciona de meia maré ou mare seca, sendo um tubo mais difícil, pra frente, perigoso.
Meu surfista as definiu assim: "A direita é difícil de entrar e fácil de sair e a esquerda fácil de entrar e difícil de sair. Pode ser perigoso."
esquerda da baía

armando pro barrel

direita rodando mesmo pequena
Mais a oeste há outra onda. Esta localizava-se em frente à nossa mansão.rs Como o pico é mais exposto ao swell, está sempre maior que as ondas da baia. Bom para os dias pequenos, ou ela fica muito grande e difícil de surfar.
onda maior e mais massuda
Seguindo ao oeste depois de uma trilha em meio a arrozais, plantações de macaxeira e de cruzar um rio lindo que deságua no mar há um "beach break maluco meio quebra prancha" que vale a visita. O por do sol é sensacional!!

pôr-do-sol lindo na praia secreta



pescador no rio que atravessamos














A VILA

Restaurante na praia

Passamos dias incríveis! Uma rotina deliciosa comandada pelo ciclo circadiano. Dorme com a noite e acorda com o sol. Comemos tudo o que levamos e ficamos à baSe de kelapa (coco), pohon cingón (aipim) e telur (ovo). Além das porções diárias dos clássicos nasi goreng (arroz com tudo dentro) e mie goreng (miojo com tudo dentro) que desenrolávamos nos mini restaurantes que encontrávamos.







Rotina comum é encontrar a vila em peso catando ouriço em cima dos corais na maré baixa. Eventualmente um polvo ou um caranguejo e o menu está servido!


A vila nos recebeu de braços abertos e tiveram muito interesse e paciência para se comunicar com a gente. Algumas pessoas nunca ouviram falar no nosso país. Outras sabiam da copa e abriam um sorrisão! Eles amam futebol!
A população muçulmana é maioria, mas olhavam pra nós com mais curiosidade do que insatisfação. Mesmo assim é necessário preservar e respeitar a cultura deles evitando biquínis pequenos ou carinhos em público.
Fiquei amiga das crianças e elas me ensinavam bahasa e eu as ensinava inglês. Foi muito gratificante.
Dinar
Depois de 7 dias vivendo em meio à natureza, dividindo a casa e os dias com borboletas, mosquitos, macacos, baratas, escorpiões e... um caranguejo que morava no cano do banheiro (hahahaha, sério isso!), já estávamos super adaptados! E aí, no último dia, aconteceu uma daquelas coisas que só a Indonésia faz por você!
  

nossa casa vista do mirante

nosso caseiro: Tukino
O SUSTO
Era domingo, a praia estava cheia (10 pessoas, no máximo), conheci um casal de polonês - UAU! - que morava em Jakarta e estava de férias passando por ali. Minha nova amiga, Carol, começou a falar sobre as lendas da ilha e eu sempre me interesso por isso. Ela descreveu a lenda de uma deusa que afogava as pessoas que entravam no mar usando a cor verde. Em Bali é assim também e em Sumbawa você deve evitar o vermelho. (!?!?!?)
Eu, muito afetada, olhei pro mar em busca do meu surfista de verde e eis que vem ele de pé em cima dos reefs, arrastando a prancha, mão na cabeça. Nunca senti nada igual. Peito apertado. Ele se machucou. Todos foram muito solícitos e consegui desenrolar tudo até o hospital mais próximo (45 minutos de carro). Um médico body boarder fez os primeiros atendimentos, um novo amigo brasileiro foi comigo até a casa buscar documentos e dinheiro, os locais se encarregaram de arrumar um carro com motorista, os poloneses estabilizaram a cabeça e afastaram os curiosos, enfim, cada um fez um pouquinho...
Depois de examinado e costurado, pudemos retornar à nossa vila para preparar a mudança de planos. Não dava mais pra surfar. Foram 9 pontos na testa e uma vértebra cervical deslocada. Voltaríamos a Bali.

 

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